Reflexões Acerca da Condição Feminina
"Nunca fui capaz de responder a grande
pergunta: o que uma mulher quer?"
Sigmund Freud
(1856-1939)
Durante a semana que antecede o Dia Internacional da Mulher, a mídia
mundial retrata diferentes olhares acerca da identidade feminina, incluindo-a
em contextualizações históricas e analisando seu passado de lutas bem como a
busca incessante pela democratização das relações de gênero.
A espécie humana deu-se a partir da reprodução homem/ mulher e após
este ciclo, o início da construção da sociedade.
Culturalmente pensada e tratada como inferior, pôs-se num processo de
submissão ao homem, sinalizando fragilidade e restrição ao mundo doméstico, bem
como a ligação com a passividade feminina.
Nenhuma lei será eficiente em relação à luta por direitos da mulher se
não estiver atrelada à mudanças culturais em relação a hábitos e costumes
historicamente construídos ao longo da humanidade. Observa-se que grande parte
das mulheres ainda conserva um discurso altamente discriminatório, aliado a
conceitos que a classificam,submetendo-a a situações de inferioridade em
relação ao homem.
Pode-se pensar que em relação ao gênero ainda impera a guerra de
sexos, de competições entre ambos. Importante lançarmos um olhar diferenciado
onde as diferenças são naturais, entre qualquer espécie do reino animal,
vegetal ou mineral.
Os estereótipos, preconceitos e discriminações arraigados em nosso
cotidiano por vezes sutis, ainda impedem o exercício dinâmico da atuação
feminina no desenvolvimento de sua liberdade responsável.
Para onde pretendem ir, onde desejam chegar, o que querem e quais são
as expectativas da sociedade em relação a esta mulher contemporânea?
Tais questionamentos fazem-se desnecessários se compreendermos que a
condição feminina coloca a mulher num paradoxo de possibilidades, pois embora
ainda cantada e encantada em prosas e versos embarca no mundo pós- moderno em
papeis sociais, e com o avanço da genética modifica vários aspectos de sua vida
e acrescenta maior responsabilidade pelas suas escolhas, intencionais ou não,
sem mais linearidades em seu percurso vital.
Ao mesmo tempo em que assumem modos e posições que favoreçam a sua
liberdade, deparam-se com a necessidade de serem desejadas, amadas,
acarinhadas, receberem colo, atenção, cuidados inerentes à condição humana,
fazendo-as sentirem-se mulheres apenas, sem rótulos, estigmas ou comparações
com o sexo oposto. Mesmo sujeitas a pressões externas, buscam construir esta
identidade feminina, reconhecendo-se gradativamente enquanto produtoras de suas
próprias escolhas , bem como geradoras de vida, humanas, únicas, singulares em
suas essências, diferentes de máquinas.
Insatisfeitas, inconstantes, mutáveis, inquietantes, estas guerreiras
vão à luta na perspectiva de alimentar seus anseios e legitimar as diferenças
que efetivem cada estilo, com papeis e funções específicas.
Agnes
de Fatima da Silva Patias